segunda-feira, 9 de junho de 2014

Tenho laranja no nome




Sempre teimei que queria cor de laranja. A minha mãe dizia cor de rosa, o meu pai dizia amarelo e eu dizia cor de laranja. Ainda hoje digo e teimo que quero cor de laranja. Sempre me fascinou querer algo que não tenho, algo diferente daquilo que os outros querem. Sempre gostei das laranjas mais feias. São as mais docinhas. E aquelas que têm menos caroços. Vou confessar uma coisa. Tenho cor de laranja no nome. E tenho laranjeiras no quintal. Só não me lambuso debaixo delas porque ainda me dão pela cintura. Às vezes sento-me e fico a comer laranjas e a conversar comigo mesma. E aquele cheiro laranja nas mãos que se entranha por todo o lado....huuum. Mas sempre teimei que queria cor de laranja e nunca deixaram, nem deixam. Sou persistente demais para escolher outra cor e para deixar que me vençam. 

Já tenho uma cesta de laranjas e a laranjeira só tem a altura da minha cintura. 
Ana Marisa

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Eu nem gosto muito de cor de laranja





Eu nem gosto muito de cor de laranja. Gosto de comer laranjas até ao fim sem me preocupar com os caroços, saborear bem, aproveitar o momento e beber o sumo. Faço o mesmo com a vida (ao máximo). Se conseguisse não pintava a vida de cor de laranja mas enchia-a de laranjas para as pessoas as agarrarem e as comerem. Pode ser simples comer uma laranja assim como pode ser simples viver a vida. Acho que na verdade nos falta mesmo é comer laranjas. As laranjas podem ser a solução dos problemas se as olharmos com olhos de ver e se as soubermos usar no dia a dia. Faz sumo, corta-as às rodelas, faz um sorriso com a casca nos dentes. Come laranjas e depois diz-me se é ou não é bom.

Nem tudo na vida são laranjas, mas a vida pode ser uma laranja.
Ana Marisa

terça-feira, 3 de junho de 2014

Metade confusão, dois quartos de caroços e laranja





Escrever é como tirar caroços das laranjas. Eles estão sempre lá no meio. É como se tu fosses a laranja e tivesses que a comer toda até chegar aos caroços. Quando escreves também é assim, também vais ao fundo da alma. Vais sempre parar às coisas que não queres, como os caroços. Pode ser uma comparação estranha mas escrever também o é e deitar os caroços fora também. Não os queres e sabes porquê? Porque são como as coisas más que atormentam os pensamentos enquanto escreves, por isso, queres ver-te livre deles. Às tantas estás no meio da confusão e nem te lembras dos caroços. Deita-os fora, não te fazem falta. Já não sei quais caroços quero deitar fora. Às vezes sinto que eles me fazem falta mas o doce da laranja é sempre melhor, não é? Deixo-me levar na confusão da laranja e recomeço do zero, sem caroços.

Um dia hei-de perceber se quero ou não os caroços ou se me deixo na mesma nesta confusão.
Ana Marisa